segunda-feira, 26 de abril de 2010

Quero


Ria, abra o compasso de sua mandíbula e ria muito, ria alto para todos escutarem. Mas que esse riso não chegue aos meus ouvidos. Quero distância de dentes brilhantes, goelas vibrantes. Quero a mínima propagação sonora. Quero apenas escutar o trinar dos cubos, batendo nas bordas de um raso copo de cristal. Quero sentir as minhas pálpebras descendo involuntariamente, deixando minha visão como o sol de uma alvorada. Quero sentir a alvorada, a aurora, a meia luz esquentando de leve a minha nuca. Quero o peso de minha coluna sem a presença de um encosto. Quero ver o nada, olhando para o todo de uma imensidão. Quero conhecer a euforia de novo, o novo! Quero substituir as pedras dos caminhos sem fluxo algum. Quero um caminho sem pedras. Ou pedras sem caminhos. Mas quero, e apenas quero.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Eu acho é pouco!

                                        

Bem, olha como são as coisas? estou escrevendo mais um causo, este um pouco monótono, confesso. Mas desta vez vou tentar traduzir toda minha inquietação intracutânea.

Mais uma vez, sentado em minha cadeira, ela range o tempo todo. Velha de guerra merece um descanso, o qual não o terá tão cedo. Hoje eu sou minha cadeira. Na verdade sou um pouco mais velho que ela, sou um produto de meados dos anos 80. Mas ela, como eu, está sempre aqui neste quarto sentindo as intempéries de um dia que passa.  Ela como eu, aguenta pesos advindos de cima: minha cabeça certamente pesa mais que o resto do meu corpo (será?). Corpo este, que já começa a ser modelado pela minha mórbida rotina de vida (ingeri, agora pouco, uma receita de bolinhos de chuva no sol). Vida esta, que já começa a pesar minha consciência. Consciência esta, que se encontra inconsciente. Inconsciente estou, tentando encontrar um propósito, uma motivação. Mas fiquem tranqüilos não penso em suicídio, mas acho que eu não faria tanta falta assim, pois nem dinheiro eu tenho para emprestar.

Feliz foi Mozart, pois descobri através do Wikipédia, que aos cinco anos ele começou a compor. Na adolescência seu talento era disputado pela corte. Hoje resolvi conhecê-lo, o medíocre do século XXI descobrindo um prodígio do sec. XVIII. 
Achei dá hora o som, não consegui parar de ouvir outra coisa o dia todo. Comecei então, a modelar no Rhinoceros como se eu fosse um Deus criador. Mas eis que chega a hora de alimentar Tulira, a minha . A fila rajada, sempre me lembra a hora do jantar, dela é claro. Levanto-me,  abandonando o mundo virtual 3D, meu grande amigo Mozart e minha cadeira quase gemea-siamesa de mim. E caminho em direção ao saco de ração.

Estava escuro, a luz da varanda havia queimado devido ao último temporal, mas não me importei. Como de rotina, o saco (de ração) estava no mesmo lugar. Eis agora o momento que fez deste dia, único. Fiz uma concha com as mãos, como sempre faço, e fui enchê-la. Quando de repente, uma pelúcia acariciou minha palma, gritei:
_ Puta que pariu! Que caraí é esse?!

Afastei-me uns 30 metros, um sentimento estranho tomou meu interior, misturava prazer por ter sentido a mais afável das texturas. E raiva, por esta pertencer a um rato, morto dentro do pacote de ração.

Pois é amigos, cada um vivendo sua ficção. De Mozart ao roedor macio, o que mais a vida me oferecerá?

De novo, de novo!



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Só vale clicar na quinta estrelinha, ok?

Valheu!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Votem em mim!


Olá amigos, vou pedir um favor para aqueles de bom e mau coração:

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Eu e o planeta contamos com você!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Caos no Supermercado Central

Quadro: Cruz às Costas - Bosch

Hoje acordei bem, pois consegui dormir melhor, então resolvi fazer uma coisa que a muito estava protelando: comprar um tênis baratinho pra correr. Estava saindo quando minha mãe me chamou e disse com sua voz serena:
_ Meu filho traga Activia e biscoitinho de polvilho pra mim.

Bom, cheguei no centro andei um pouco e achei um tênis ótimo, ideal para corrida, apenas corrida. Pronto, antes de voltar para meu lar, recanto de tranquilidade, passei no SUPERMERCADO CENTRAL afim de atender ao pedido de minha mãe.

Entrei pela porta de carga e descarga, beleza, peguei aquilo que queria e caminhei em direção aos caixas. Caixas? Onde? Foi aí que começou o caos. Quem disse que interior é tranquilo? Um amontoado de seres concentravam-se num espaço de mais ou menos dois metros de largura, entre as gôndolas e os postos de cobrança. A fila dos idosos estava repleta de manos, com garrafas de Campo Largo na mão. Eu disse fila? Não, aquilo não eram filas indianas era a própria Índia. Foi aí que olhei para o relógio e descobri que era hora do rush, e além disso havia uma liquidação de restos de ovos de páscoa. Senhoras avantajadas e adultas crianças, disputavam o que restava nas prateleiras, e diziam em bom tom:
_ É dois por um, eu quero da Hellou Kitchen! - E o barulho do laminado propagava.

Visto isto, driblei os populares e peguei uma "fila", me posicionei atrás de um hippie puto da vida que parecia ter saido do galinheiro, devido ao pano cheio de brincos de penas. Ele repetia incessantemente - isso porque é caixa rápido né?- levantando o dedo e ao mesmo tempo segurando, também, seu Campo Largo(promoção R$3,16). Eu nem respondia. Os minutos não passavam o caixa parecia ter travado, não dava pra ver. Foi aí que um funcionário empurrando vários carrinhos, parecendo o motorista do caverão, começou a rasgar a massa, gritando:
_ Dá licência aí gente, vam minha senhora!

Depois do empurra-empurra, enfim avistei a caixa. Coitada! a menina magrelinha estava com os olhos estalados, tentando ser o mais ágil possível. Quando comecei a depositar os Activias na bancada, a senhora que estava atrás de mim, fitou-me como se eu fosse um homem nú com o intestino preso. Pronto estava chegando a hora de sumir dali, mas foi aí que uma criança de colo da fila vizinha começou a chorar, muito! Ela tentava lançar mão de um tic-tac fresh, mas sua mãe ou avó (sei lá) a impedia dizendo:
_ Não minha fia esse é arrrdido!
Essa série repetia-se e parecia não ter fim: menina esticando-se, gritando, e mãe esquivando-se. Na minha cabeça meus pensamentos já estavam quase a favor do casal Nardoni, mas refleti: como aquela mãe queria que sua filha, ou neta, de 2 anos entendesse que aquela balinha coloridinha é ardida?

Graças as forças do além minha hora chegou, passei minhas compras, deu 16 reais (só de Activias e biscoitinhos) e saí vazado daquele purgatório, deixando mãe, filha, avó, cunhada, vizinha, tio, agregado e todo o caos para trás! Ufá! Quase calcei meu Topper novo pra sumir mais depressa.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A Simplicidade

Acho que existem dois tipos de simplicidade: a beIa e a feia. A bela está presente numa tapera à beira de uma estrada de chão, no design palpável e cíclico ou num gesto simpático de um desconhecido. Além dos inúmeros eventos naturais que exemplificam o simples, e a arte sincera. Já a feia está presente num sorriso desfalcado, num cheiro impregnado ou num gesto descuidado.

Mas existe um sentimento que atua (ou não) apastelando nossa vida: o amor gratuito. Este complexo nos faz enxergar a beleza do feio, fazendo do desdentado uma tendência de moda. E é ele (o amor) que nos mantém tolerantes, nos impedindo de projetar coletes bomba com flufs rosa.
Enfim, escrevo isto Influenciado pelo descompasso sentimental de uma amiga, onde por um momento tornei-me emotivo (neste momento). E para aproveitar este efusivo evento, redijo aqui as mais simples e belas palavras já colocadas em ordem. E claro não fui eu quem as escrevi, e sim, o velho e bom Drummond:

O desperdício da vida está no amor que não damos, na força que não usamos e na prudência egoísta que nada arrisca.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Quem nasceu primeiro, o ovo ou o coelho?


Bom, quando era pequeno na catequese, nessa época do ano, coloria desenhinhos que simbolizam a páscoa. Por isso sei que o ovo é um detes símbolos, mas na verdade ele não tem nada a ver com o coelho, ou tem?

Era uma vez, antes do Big Ben, o único coelho da terra (isso é possível?). Serelepe que só, saltava cercas e moitas, simbolizava agilidade, dinamismo e pluralidade (ok?). Já a uva, outro símbolo pascoal, servia de alimento para o roedor, faminto e cansado. E esta delícia, ficava sempre localizada na propriedade ao lado.
Quando o coelhão deparava-se com uma branquinha (coelhinha) ele logo ressuscitava e partia para ascensão, levando a danada às nuvens. Então, na páscoa seguinte lá estava o resultado: anjinhos doidos por chocolates. Por quê? Tem uma explicação. Os pobrezinhos tinham um carma: diabetes ao contrário. Com isso, mamãe dentucinha passava uma pasta de cacau sobre os ovos das galináceas, vizinhas de toca (sacô?). Surgindo assim o ovo pascoal!
Há um detalhe, todos moravam no Monte Pascoal.