segunda-feira, 26 de abril de 2010

Quero


Ria, abra o compasso de sua mandíbula e ria muito, ria alto para todos escutarem. Mas que esse riso não chegue aos meus ouvidos. Quero distância de dentes brilhantes, goelas vibrantes. Quero a mínima propagação sonora. Quero apenas escutar o trinar dos cubos, batendo nas bordas de um raso copo de cristal. Quero sentir as minhas pálpebras descendo involuntariamente, deixando minha visão como o sol de uma alvorada. Quero sentir a alvorada, a aurora, a meia luz esquentando de leve a minha nuca. Quero o peso de minha coluna sem a presença de um encosto. Quero ver o nada, olhando para o todo de uma imensidão. Quero conhecer a euforia de novo, o novo! Quero substituir as pedras dos caminhos sem fluxo algum. Quero um caminho sem pedras. Ou pedras sem caminhos. Mas quero, e apenas quero.

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